CURSO DE LITURGIA
CANTICOS E LOUVORES NAS CELEBRAÇÕES LITÚRGICAS
“Quando cantas um hino estás
enaltecendo a Deus: todavia que valor em o que a língua pratica se também tua
consciência não acompanha o louvor.” (Santo Agostinho)
Deus não está interessado em
meras palavras, Ele busca a intenção do coração.
Cantar salmos de louvor e bradar
“Jesus é o Senhor” tem um valor muito pequeno se o cântico e o louvor não vêm
do intimo do coração.
Isto nos faz lembrar algumas
manifestações que pretendem ser interpretadas como exaltação ao nome de Deus:
cânticos e tambores, gritos e clarins, danças e saltos, erguer as mãos e bater
palmas. Até que ponto elas podem ser consideradas como próprias na liturgia?
Estamos sendo crítico? Há base e
fundamento para essa critica? Estamos fazendo juízo de valores?
Então é bom esclarecer que o objetivo
deste estudo não é o incentivo de uma
cultura que venha a menosprezar o pensamento e a cão de muitos fieis
dentro da Igreja, mas apenas lembrar que
a liturgia não é algo pessoal, mas dom do próprio Espírito Santo para toda a
Igreja
Dirá alguém que Davi dançou em
torno da Arca da Aliança e concordo. Os anjos cantavam ao anunciar aos pastores
o nascimento de Jesus. Novamente concordo, porém Davi estava com o coração
aberto e disponível. Não se tratava apenas de recitar salmos e dançar em torno
da arca, era uma manifestação de louvor e gloria a Deus pela vitoria e pelo
retorno da Arca à Jerusalém. Os anjos manifestavam com amor e sentimento a
vinda do Redentor. Em ambos os casos a manifestação tinha um cunho diferente
daquela a que me refiro.
Grande parte dos liturgistas e
estudiosos do assunto fundamentados nos documentos oficiais da Igreja fazem
serias criticas a muitas manifestações durante a liturgia afirmando que muitas
delas ferem agressivamente o que a Igreja prescreve para os ritos. Algumas
dessas críticas atingem diretamente sobre a escolha de musicas que são cantadas
durante a Missa e não deveriam ser
escolhidas para isso.
Sobre estas musicas apresentamos
algumas razões das criticas com o devido esclarecimento dos autores
articulistas. Incluímos alguns esclarecimentos a respeito da Liturgia
Eucarística com a finalidade de aperfeiçoar e esclarecer a razão das criticas.
Antes de tudo citamos um
trecho do Capitulo I da instrução Redemptionis
Sacramentum, que descreve detalhadamente
como se deve celebrar a Eucaristia e o que pode ser considerado "abuso
grave" durante a cerimônia. Este é um resumo de normas que o documento
recorda a toda a Igreja.
No Capítulo I sobre a “ordenação da Sagrada Liturgia” afirma que:
Compete à Sé Apostólica ordenar a sagrada Liturgia da Igreja universal, editar
os livros litúrgicos, revisar suas traduções a línguas vernáculas e vigiar para
que as normas litúrgicas sejam fielmente cumpridas.
Os fiéis têm direito a que a
autoridade eclesiástica regule a sagrada Liturgia de forma plena e eficaz, para
que nunca seja considerada a liturgia como propriedade privada de alguém.
O Bispo diocesano é o moderador, promotor e custódio de toda a vida litúrgica.
A ele corresponde dar normas obrigatórias para todos sobre matéria litúrgica,
regular, dirigir, estimular e algumas vezes também repreender.
Compete ao Bispo diocesano o direito e o dever de visitar e vigiar a liturgia
nas igrejas e oratórios situados em seu território, também aqueles que sejam fundados
ou dirigidos pelos citados institutos religiosos, se os fiéis recorrem a eles
de forma habitual.
Após o trecho acima iniciamos com
dois termos utilizados na Liturgia Eucarística:
1 - Ordinário - É a parte fixa da Missa, aquilo que nunca –
ou raramente – muda: o Sinal da cruz, o Ato Penitencial, o Kyrie, o Glória, o
Credo, o Ofertório, o diálogo antes do Prefácio, o Santo, a Consagração, o Pai
Nosso etc.
2 – Próprio - É a parte variável, aquilo que muda conforme
o dia, o tempo e as intenções: a Coleta (Oração do Dia), as leituras da
Liturgia da Palavra, a Oração sobre as Oferendas, o Prefácio, a Oração depois
da Comunhão. Daí que o conjunto desses elementos de uma determinada Missa se
chame “Próprio da Missa”. Assim, há o Próprio da Missa do III Domingo do
Advento, o Próprio da Missa de Defuntos, o Próprio da Missa de Pentecostes, o
Próprio da Missa da Noite de Natal, o Próprio da Missa pelo Papa, o Próprio da
Missa de Batismo etc.
O erro mais comum na escolha de cantos para a missa é a modificação de
trechos fixos da missa com o intuito de inovar. Isto não quer dizer que a missa
seja invalida, porém quanto mais consciência sobre os objetivos da liturgia
mais nos dedicaremos a atenção e o amor a ela.
A – AS CRITICAS –
Os itens abaixo ao extraídos de
alguns liturgistas que opinam principalmente sobre as musicas tocadas ou
cantadas durante a Liturgia Eucarística e que deles recebem críticas adiante
também justificadas
.1.Em nome do Pai
O Missal Romano esclarece que “O sacerdote diz: Em nome do
Pai, e do Filho e do Espírito Santo. O povo responde: Amém”. Então, o Sinal da
Cruz não seria rezado por todos os fieis. Em segundo lugar, o Missal não
menciona nada de “para louvar e agradecer” como algumas vezes é dito ou cantado
na Liturgia Eucarística.
2.Glória a Deus
Existe uma oração para o Glória
incluído na categoria de partes fixas da missa, o Ordinário. As partes do
ordinário não podem ser modificadas de forma alguma. Uma das falhas é o
argumento de que “já cantamos esse
glória semana passada. Acho melhor esse para dar uma variada…”. Não se pode
escolher o Glória a menos que se mude UNICAMENTE a melodia; É terminantemente
proibido mudar a letra. Segundo o liturgista a letra a baixo é inconveniente
para o cântico do Gloria:
“Gloria a Deus, gloria a Deus,
gloria ao Pai (2x)
A Ele seja a gloria (2x )
Aleluia, amém”
3. Santo, Santo, Santo, Dizem Todos Os Anjos.
Também existe uma oração
específica, incluída na categoria “Ordinário da Missa”. Segundo o liturgista essa
musica é conhecida por incitar nos fiéis certa coreografia na qual os fiéis
levantam as mãos para cima, para baixo e fazem o sinal de negativo com o
dedinho. O que para o liturgista é inadequado.
4. Faz um milagre em mim.
Entra na minha casa
Entra na minha vida
Mexe com minha estrutura
Sara todas as feridas …
Esta musica é cantada em algumas
paróquias durante a comunhão. Ela tem origem em certas seitas pentecostais e a
principio não há nenhum erro explicito na letra, mas está carregada de personalismo e de sentimentalismo
e não tem nenhuma referencia à Eucaristia e por isso não é aconselhável para o
momento.
5. Pai-Nosso do Padre
Marcelo Rossi
Pai, meu pai do céu, meu pai do
céu
Eu quase me esqueci, me esqueci
Que o teu amor vela por mim, vela por mim
Que seja feito assim.
O liturgista entende como musica
inadequada porque a oração do Pai Nosso é bíblica e Jesus nunca falou “Eu quase
me esqueci, etc.”
6. Senhor que viestes salvar
Senhor, eis aqui o teu povo,
que vem implorar teu perdão;
é grande o nosso pecado,
porém é maior o teu coração.
O Missal Romano prevê três tipos
de oração para o Ato Penitencial. a) ou reza ou canta o “Confesso a Deus
todo-poderoso…” (confiteor); b) O “Tende compaixão…”; c) o “Senhor, que viestes
salvar… tende piedade de nós”. Ou seja, faz parte do Ordinário da Missa também.
Não basta que a letra leve ao arrependimento para ser incluída na Missa. Não se deve inventar nada sem que se tenha
autoridade litúrgica para isso Muitas vezes gestos como esse não passam de
gestos sutis de desobediência e ferem a unidade da Igreja, no caso representado
pela Liturgia.
7.Quero te dar a paz
Quero te dar a
paz, do meu Senhor com muito amor (2x)
Na flor vejo manifestar o poder da criação.
Nos seus lábios eu vejo estar o sorriso de um irmão.
Toda vez que te abraço e aperto a sua mão.
Musica tocada para incitar
palmas, danças, agitação conversa e barulho, o que não é conveniente para o
momento da Liturgia.
8. Cantar a Beleza da vida
Cantar a beleza da vida, presente
do amor sem igual:
Missão do teu povo escolhido, Senhor, vem livrar-nos do mal.
Vem dar-nos teu Filho, Senhor, sustento no Pão e no Vinho.
E a força do Espírito Santo, unindo o teu povo a caminho.
Diz o liturgista:
Heresia branca. Primeiro que é
difícil entender que “sustento no Pão e no vinho” signifique a
transubstanciação. Para mim o trecho em questão significa justamente o
contrário, que Cristo está simbolicamente representado no Pão e no Vinho e
dessa ligação simbólica/espiritual viria o nosso sustento. Afinal, o sustento
vem do pão e do vinho ou da carne (o corpo), da hóstia consagrada, do Pão do
Céu? Não sei quem é o compositor, mas caso vocês queiram relativizar e dizer
que é apenas uma ambiguidade, fica a critério de cada um.
9. Passeio de Caranguejo
Não vou ficar chorando (buá, buá,
buá)
Vendo a vida passar
Vou entoar meu canto
Cantando com os anjos até o sol raiar.
Opinião do
liturgista - Cansei de escutar essa música no canto final. Essa música numa
missa só pode ser fruto da mente de uma pessoa que jura estar num culto protestante.
Não tem outra explicação.
10. Reunidos aqui
Reunidos aqui
Só pra louvar ao Senhor,
Novamente aqui,
Em união.
Opinião do
liturgista - Costumam cantar esta música no canto de entrada. Eu não
recomendaria esse canto para a missa porque transmite uma visão reducionista do
Culto Sagrado. Antes de estar na missa “só pra louvar”, estamos lá adorar,
agradecer, expiar e pedir. Não é festa e não estamos lá “só para louvar”.
B – AS RECOMENDAÇÕES.
Transmitimos abaixo algumas recomendações
extraídas dos documentos e do trabalho de algumas equipes de liturgia nas
paróquias sobre o modo e o porque da escolha de musicas para a Liturgia Eucarística.
Os cantos litúrgicos da missa devem respeitar
cada um de seus ritos: ritos iniciais, da palavra, rito eucarístico, rito de
comunhão e ritos finais. Devem ser cantos originais, jamais plágios,
paródias ou cópias de cantos não católicos. De preferência, eles devem ter
aprovação da igreja. Por exemplo, um erro grave ainda muito cometido em algumas
paróquias é o seguinte canto do Pai Nosso: “Ó Pai Nosso, Tu que estás nos que
amam a verdade, faz o reino que é teu Senhor...”. Este canto é uma paródia da
música tema do filme “A primeira noite de um homem”. Outra paródia pode ser
constatada no canto: “É santo, cheio de glória, ó hosana nas alturas. Bendito,
aquele que vem entre nós trazendo a mensagem...”. Este canto é uma paródia da
música “Hey Jude”, dos Beathles.
Na liturgia,
classificamos os cantos em dois grandes grupos: os que ACOMPANHAM O RITO e os
cantos que são o PRÓPRIO RITO. Os que acompanham o desenrolar de um rito são,
por exemplo, a procissão de entrada, comunhão, ofertório.. Já os que são os
próprios ritos são, por exemplo, o ato penitencial, santo, glória... Os cantos
que acompanham um rito devem obrigatoriamente se encerrar ao término do rito
(por exemplo, quando a última pessoa terminar de comungar, o canto deve ser
finalizado). Já os cantos que são propriamente os ritos devem ser cantados por
inteiro.
PROCISSÃO DE ENTRADA:
Significado
Litúrgico - Deus caminha ao nosso encontro: esse é o sentido da
procissão de entrada. Em passagens bíblicas diversas vemos o povo de Deus
caminhar, seja em busca da terra prometida, seja em busca da libertação, seja a
caminho de Jerusalém, seja ao encontro de Jesus. É por isso que, de pé,
aclamamos a Cristo, na presença do sacerdote, que vem ao nosso encontro, com
toda sua majestade, seu poder e sua autoridade, para celebrarmos juntos os
mistérios do sacrifício da missa. Quem preside o ato litúrgico é o próprio
Cristo, que se une a nós e se oferece a si mesmo e ao Pai em nosso favor.O
sacerdote, após vestir-se para celebrar a missa, já não é mais ele mesmo que
está ali, mas o próprio Cristo! Independente dos méritos do sacerdote, apesar
de seus pecados: é o próprio Cristo quem celebra a missa! Cristo faz do padre
um instrumento a seu serviço, pois isto independe da nossa condição de
pecadores, independe de nossas limitações, independe de nosso estado físico,
mental, espiritual: é o poder de Deus que vem até nós e nos faz conduzir ao
Pai. E o que o padre consagrar é verdadeiramente o Corpo de Cristo, mesmo que
os fieis não tenham fé, mesmo que o padre não tenha fé, mesmo que todos
duvidem, pois a realização desse milagre não está condicionada à nossa fé, à
nossa natureza humana: vem de Deus, é sacramento ordenado por Cristo: “Fazei
isto em memória de mim...” Jesus cumpre suas promessas sem estar condicionada à
fé do homem.
Este canto
acompanha o rito da procissão de entrada e, por isso, deve ser encerrado ao
término desta procissão.Para que um canto seja corretamente considerado canto
de entrada, este deve expressar a alegria de estarmos reunidos para celebrar os
mistérios de nossa salvação. Deve trazer os temas do tempo do ano litúrgico em
que estiver a igreja, por exemplo: no tempo pascal deve falar sobre a
ressurreição; no tempo do natal deve falar sobre a encarnação e o nascimento de
Cristo; no tempo do advento deve falar sobre a expectativa da espera da vinda
do Salvador; no tempo da quaresma deve falar sobre penitência e mudança de vida
ou sobre a campanha da fraternidade; no tempo comum pode falar de vários temas.
ATO PENITENCIAL ou Kyrie:
Significado Litúrgico - O ato
penitencial, também conhecido na liturgia antiga como Kyrie eleison, significa
a limpeza de nosso coração para nos aproximarmos da casa do altar do Senhor.
Assim como limpamos a sujeira da sola do calçado quando entramos numa casa semelhantemente, no ato penitencial, recebemos
o perdão de todos os pecados veniais: a impureza adquirida no dia-a-dia,
que nos torna indignos de participar do banquete da eucaristia. Os pecados
mortais exigem o sacramento da confissão. Este canto é o próprio rito de ato
penitencial e deve ser cantado integralmente, devendo obrigatoriamente conter
as frases: SENHOR PIEDADE (ou Kyrie eleison) e CRISTO PIEDADE (ou Christe
eleison). Caso contrário, o canto estará liturgicamente errado.
HINO DE LOUVOR:
Significado Litúrgico - O hino de
louvor, ou glória, expressa o louvor de toda a criatura ao Criador, do homem
remido ao Salvador e do homem imperfeito ao Consolador, relembrando os pontos
principais de todo o mistério de nossa salvação em Jesus Cristo. Este canto
deve fazer o verdadeiro louvor, assim como disse São Paulo, o louvor que
glorifica Deus pelo que ELE É e não pelo que Ele faz.. Este canto é o
próprio rito de hino de louvor e deve ser cantado integralmente. Por isso, para
este canto ser considerado corretamente como hino de louvor, este deve
obrigatoriamente conter toda a oração do hino de louvor: “Glória a Deus nas
alturas, e paz na terra aos homens por Ele amados. Senhor Deus, Rei dos céus,
Deus Pai Todo-Poderoso nós Vos louvamos, nós Vos bendizemos, nós Vos adoramos,
nós Vos glorificamos, nós Vos damos graças por Vossa imensa glória. Senhor
Jesus Cristo, Filho Unigênito, Senhor Deus, Cordeiro de Deus, Filho de Deus
Pai, Vós que tirais o pecado do mundo, tende piedade de nós, Vós que tirais os
pecados do mundo, acolhei a nossa súplica, Vós, que estais à direita de Deus
Pai, tende piedade de nós, só Vós sois o Santo, só Vós o Senhor, só Vós o
Altíssimo Jesus Cristo, com o Espírito Santo, na glória de Deus Pai. Amém”.
PROCISSÃO DA BÍBLIA:
Significado Litúrgico - Na missa
celebramos a Palavra e a Eucaristia. A Palavra é a Bíblia: revelação do amor de
Deus, fonte de salvação, o Verbo de Deus que, na liturgia eucarística,
tornar-se-á carne que habitará entre nós (ler o capítulo 1º e 6º do evangelho
de João). Portanto, a Palavra é o próprio Deus que se revela ao homem, e é por
isso que a aclamamos de todo coração e de toda alma. Podemos dizer que este
canto não faz parte “oficialmente” da liturgia, sendo portanto falcultativo,
não devendo ser regra constante, apenas em ocasiões excepcionais. Geralmente é
usado em missas solenes, ficando a critério do grupo de liturgia e do pároco.Deve
aclamar a chegada da palavra de Deus, a qual deve ser trazida em procissão,
devendo ser usada a própria Bíblia, ou o Lecionário ou o Evangeliário.Este
canto acompanha o rito da procissão da Bíblia e, por isso, deve ser encerrado
ao término desta procissão.
SALMOS DE RESPOSTAS (ou responsoriais):
Significado Litúrgico - Os
salmos, em número de 150, são partes integrantes da liturgia da Palavra. Sempre
estão em concordância com a primeira leitura, sendo uma resposta aos
apelos desta, ou seja, o salmo é responsórial porque o povo, após ouvir a
palavra de Deus na 1ª leitura, responde em concordância com o que acabou de
ouvir.A palavra salmo significa oração cantada e acompanhada de instrumentos
musicais, originária das poesias colhidas da fé do povo israelita. É por isso
que todo salmo deve ser cantado e toda a assembléia deve responder cantando com
um refrão.O salmo de resposta é parte integrante e insubstituível da liturgia
da palavra, aliás tem estreitas ligações teológicas com a 1ª leitura e existe,
o salmo, como exclusiva resposta a ela, como já foi exposto acima. É por isso
que nenhum grupo de canto tem a autoridade de modificar o salmo do dia.O salmo
de resposta deve ser SEMPRE cantado, pois o mesmo é um canto
originário do povo israelita. Quando o coro não souber a melodia do salmo, o
grupo deve adaptar a letra a outra melodia já conhecida. Como o nome também
sugere, o salmo deve ter uma resposta do povo, onde o refrão deve ser
cantado pelo povo.
ACLAMAÇÃO AO EVANGELHO:
Significado Litúrgico - O Evangelho
é o próprio Cristo que nos vem falar a boa notícia. É por isso que, de pé, na
posição de quem ouve o recado para ir logo anunciá-lo, todos nós aclamamos a
Cristo que vem anunciar suas palavras de salvação, cheios de imensa ALEGRIA.
Este canto é o próprio rito de aclamação ao
evangelho e deve ser cantado integralmente.Para que um determinado canto possa
ser considerado como canto de aclamação ao evangelho, este deve
obrigatoriamente conter a palavra ALELUIA, que significa alegria, exceto no
tempo da quaresma onde este aleluia é vetado, em virtude do forte tempo de
penitência e contrição.
PROFISSÃO DE FÉ (ou credo, ou creio):
Significado Litúrgico - A oração
do Credo expressa os principais dogmas (princípios de fé) da igreja Católica
Apostólica Romana. Nele está contida toda a essência de nossa fé. Existem
basicamente 2 modelos: o mais comum e curto, recitado na maioria dos domingos,
chama-se Símbolo dos Apóstolos; o mais completo e longo, reservado para
ocasiões especiais, chama-se de Símbolo Niceno-Constantinopolitano, por
causa dos concílios ecumênicos de Nicéia-Constantinopla, que explicita mais
minunciosamente os princípios da fé católica.A partir do século II, a fé
católica foi posta à prova através de 3 principais heresias relacionadas à
Trindade Santa, chamadas de Arianismo, Monarquianismo e Macedonianismo. Essas
controvérsias foram totalmente esclarecidas pelos concícios de Nicéia I (325
d.C.) e Constantinopla I (381 d.C.), cujas conclusões foram as seguintes:
- Igualdade de natureza do Filho com o Pai.
Jesus é "Deus de Deus, Luz da Luz, Deus verdadeiro de Deus verdadeiro,
gerado, não criado, consubstancial ao Pai".
- Fixação da data da Páscoa a ser celebrada no
primeiro domingo após a primeira lua cheia da primavera (hemisfério norte).
- Estabelecimento da ordem de dignidade dos
Patriarcados: Roma, Alexandria, Antioquia, Jerusalém.
- A confissão da divindade do Espírito Santo, e
a condenação do Macedonismo de Macedônio, patriarca de Constantinopla.
"Cremos no Espírito Santo, Senhor e fonte de vida, que procede do Pai, que
é adorado e glorificado com o Pai e o Filho e que falou pelos profetas".
"Com o Pai e o Filho ele recebe a mesma adoração e a mesma glória"(DS
150).
- Condenação de todos os defensores do
arianismo (de Ário) sob quaisquer das suas modalidades.
- A sede de Constantinopla ou Bizâncio
("segunda Roma"), recebeu uma preeminência sobre as sedes de
Jerusalém, Alexandria e Antioquia.
A Profissão de Fé pode ser cantada, geralmente
em missas solenes, mas toda a assembléia deve conhecer bem o canto, para que
ninguém fique sem cantá-lo por falta de conhecimento da melodia ou letra. Este
canto é o próprio rito da profissão de fé e deve ser cantado integralmente,
sendo que a letra do canto deve obrigatoriamente possuir todo o
conteúdo da oração recitada. Os dois atos de Fé que são recitados na
Liturgia Católica são:
O
Símbolo dos Apóstolos
Creio em Deus Pai Todo-Poderoso, criador do céu
e da terra; e em Jesus Cristo, Seu único Filho, nosso Senhor, que foi concebido
pelo poder do Espírito Santo; nasceu da Virgem Maria, padeceu sob Pôncio
Pilatos, foi crucificado, morto e sepultado, desceu à mansão dos mortos;
ressuscitou ao terceiro dia; subiu aos céus, está sentado à direita de Deus Pai
Todo-Poderoso, donde há de vir a julgar os vivos e os mortos; creio no Espírito
Santo; na santa Igreja católica, na comunhão dos Santos, na remissão dos pecados,
na ressurreição da carne, na vida eterna. Amém.
O Símbolo
Niceno-Constantinopolitano
Creio em um só Deus, Pai Todo-Poderoso, criador
do céu e da terra, de todas as coisas visíveis e invisíveis. Creio em um só
Senhor, Jesus Cristo, Filho Unigênito de Deus, nascido do Pai antes de todos os
séculos. Deus de Deus, luz da luz, Deus verdadeiro de Deus verdadeiro, gerado,
não criado, consubstancial ao Pai. Por ele todas as coisas foram feitas. E por
nós, homens, e para nossa salvação, desceu dos céus, e se encarnou pelo
Espírito Santo, no seio da Virgem Maria, e se fez homem. Também por nós foi
crucificado sob Pôncio Pilatos, padeceu e foi sepultado. Ressuscitou ao
terceiro dia, conforme as escrituras, e subiu aos céus, onde está sentado à
direita do Pai. E de novo há de vir, em sua glória, para julgar os vivos e os
mortos; e o seu reino não terá fim. Creio no Espírito Santo, Senhor que dá a
vida, e procede do Pai e do Filho; e com o Pai e o Filho é adorado e
glorificado; Ele que falou pelos profetas. Creio na Igreja, una, santa,
católica e apostólica. Professo um só batismo para a remissão dos pecados, e
espero a ressurreição dos mortos e a vida do mundo que há de vir. Amém.
É falsa a ideia de que apenas basta ter as
invocações de “Creio no Pai, Creio no Filho e Creio no Espírito Santo”, para
que um canto seja verdadeira Profissão de fé. Com isso, podemos constatar que é
um ERRO LITÚRGICO bastante comum em inúmeras paróquias e em inúmeros grupos de
canto, a substituição da recitação da Profissão de fé por cantos que não a
contenham integralmente.
ORAÇÃO DOS FIÉIS (ou oração universal):
Significado Litúrgico - “Peçam, e lhes
será dado! Procurem, e encontrarão! Batam, e abrirão a porta para vocês! Pois
todo aquele que pede, recebe; quem procura, acha; e a quem bate, a porta será
aberta...” (Mt 7,7-9).Na oração universal, como o próprio nome já sugere,
rezamos por 5 principais intenções de toda a igreja universal (o nome
católico significa universal): (1) pelas necessidades da igreja; (2) pelos
poderes públicos; (3) pela salvação do mundo inteiro; (4) pelos que sofrem
qualquer dificuldade; (5) pela comunidade local e pelas intenções
particulares. Neste oração, o povo, exercendo sua função sacerdotal,
suplica a Deus em nome de todos os homens.
APRESENTAÇÃO DAS OFERTAS:
Significado Litúrgico - No início da
liturgia eucarística são levadas ao altar as oferendas que se converterão no
Corpo e Sangue de Cristo: o pão e o vinho!
Assim como o 1º sacerdote do antigo testamento,
Melquisedec, ofereceu ao Senhor o pão e o vinho (Gn 14,18); assim também como
Cristo, na última ceia, ofereceu, ao Pai, o pão e vinho e os transformou em
Corpo e Sangue seus; assim também nós oferecemos ao Senhor em sacrifício o pão
e o vinho para a glória do nome do Senhor e para o nosso bem. Esse pão e esse
vinho também para nós tornar-se-á Corpo e Sangue de Cristo, via de salvação,
dons de vida eterna. Devemos ter o cuidado para não confundir o rito do
ofertório com as ofertas materiais: dinheiro, objetos, alimentos, os quais
podem ser apresentados ou recolhidos, mas não podem tirar o brilho da
apresentação do pão e do vinho que serão consagrados em corpo e sangue de Jesus
Cristo.Este canto acompanha o rito da apresentação das ofertas e, por isso,
deve ser encerrado quando sacerdote termina de oferecer os dons a Deus e lava
as mãos. Nas missas solenes, quando há o uso de incenso, este canto deve se
estender até o momento após a incesação da assembléia, corpo místico de Cristo.
Para que um canto seja considerado como de apresentação das ofertas, este deve
obrigatoriamente conter as palavras PÃO E VINHO ou deixar implícito que as
ofertas que realmente importam são o pão e o vinho.
ACLAMAÇÃO AO SANTO:
Significado Litúrgico - É a
aclamação pela qual toda a assembleia, unindo-se aos espíritos celestes, louvam
a Deus trindade, 3 vezes santo, pois Deus é o Santo dos santos.Este canto
é o próprio rito de aclamação do Santo e deve ser cantado integralmente.Por
isso, para que um canto seja considerado canto de santo, ele deve
obrigatoriamente conter todas as palavras da oração recitada, ou seja: SANTO,
SANTO, SANTO (ou seja 3 vezes santo) + BENDITO O QUE VEM EM NOME DO SENHOR +
HOSANA NAS ALTURAS.
PÓS-CONSAGRAÇÃO:
Significado Litúrgico - Deve ser a
própria aclamação ou adaptação dela. Quem define se esta aclamação é ou não
cantada é o próprio sacerdote, o qual iniciará cantando e
o povo responde também cantando. Quando o sacerdote cantar: “eis o mistério da
fé”, o povo deverá responder cantando de acordo com as aclamações nº 1 ou nº 2;
caso o sacerdote inicie cantando “tudo isto é mistério da fé” o povo deverá
responder cantando com a aclamação nº 3.
Eis o mistério da fé:
Aclamação Nº 1 Anunciamos, ó Senhor,
a vossa morte e proclamamos a vossa ressurreição. Vinde, Senhor Jesus.
Aclamação Nº 2 Salvador do mundo,
salvai-nos. Vós que nos libertastes pela cruz e ressurreição.
Tudo isto é mistério da fé:
Aclamação Nº 3 Toda vez que se come
deste pão, toda vez que se bebe deste vinho, se recorda a paixão de Jesus
Cristo e se fica esperando a sua volta.
Obs: Na Oração Eucarística existe um momento
chamado de Epiclese, que é o instante onde o sacerdote implora a descida
do Espírito Santo para consagrar o pão e o vinho, geralmente com a frase: “Nós
vos suplicamos que envieis o vosso Espírito Santo” ou “Mandai o vosso Espírito
Santo”. Este é o instante em que todos se ajoelham em sinal de adoração. Quando
o sacerdote, depois da consagração recita ou canta “eis o mistério da fé” ou
“tudo isto é mistério da fé”, todos, antes ajoelhados desde a Epiclese, agora
imediatamente devem ficar de pé.
DOXOLOGIA FINAL (ou grande Amém):
Significado Litúrgico - É o amém mais
importante da missa, pois finaliza com a confirmação de que “ assim seja” toda
a glorificação do mistério salvífico, onde tudo foi feito por Cristo, em Cristo
e para Cristo, para glorificação do Pai no Espírito Santo e para o bem de toda
a igreja.
Por isso, este canto deve conter, no mínimo,
três vezes a palavra Amém, preferencialmente cantado. Quem decide se a
doxologia final será ou não cantada é o próprio sacerdote que iniciará
cantando: “Por Cristo, com Cristo e em Cristo a vós Deus Pai, todo-poderoso
toda honra e toda glória agora e para sempre”, e o povo deverá responder também
cantando: “Amém, amém, amém.”
SAUDAÇÃO DA PAZ:
Significado Litúrgico - Os fiéis
imploram a paz e a unidade para a igreja e toda a família humana e exprimem
mutuamente a caridade, antes de participar do mesmo pão, através de saudação
com: “A paz de Cristo!”.
É considerado por alguns como inapropriado para
antes da comunhão, pois dispersa o povo e desvia o clima de oração para o rito
seguinte, sendo por eles colocados em outros momentos na liturgia da missa
(após a bênção final, ou após o ato penitencial, ou após a apresentação das
ofertas...). Mas a saudação da paz após a oração do pai-nosso está
liturgicamente prescrita e fica a critério de cada costume local, como também
de cada rito católico aprovado pela Sé Romana (melquita, maronita...).Não há
regra específica para este canto, apenas que ele fale na paz de Deus que se
deseja ao outro.
FRAÇÃO DO PÃO ou ACLAMAÇÃO AO CORDEIRO DE
DEUS ou Agnus Dei (em latim):
Significado Litúrgico - Após a
saudação da paz, o sacerdote fraciona o pão (corpo) e o mistura-o no sangue.
Neste instante ocorre a união do Corpo ao Sangue de Cristo, e todos
participarão integralmente da comunhão deste corpo e deste sangue, mesmo
recebendo apenas uma das espécies. Com esse gesto relembramos Cristo, na Ceia
derradeira, bem como as celebrações das primeiras comunidades cristãs, que
reunidas partiam o pão entre si, celebrando os mistérios da salvação. É
importante ainda lembrarmos da passagem em Emaús, onde os discípulos
reconheceram o Cristo ressuscitado somente no momento da fração do pão.Esse
momento também é conhecido como a aclamação ao Cordeiro de Deus ou ao Agnus
Dei, segundo a liturgia antiga. Após o ato da fração do pão, todo o povo repete
as invocação de João Batista, que mostrou ao mundo o Cordeiro de Deus, aquele
que superara todos os sacrifícios, aquele que fora imolado, remindo toda a
humanidade consigo: “Eis o Cordeiro de Deus, Aquele que tira todo o pecado do
mundo!” (Jo 1,29-36).
O termo “cordeiro de Deus” faz alusão ao antigo
ritual dos judeus que matavam, em sacrifício de louvor a Deus e em
reparação de seus pecados, um cordeiro primogênito (o primeiro da cria) para a
expiação dos pecados. Isso era feito periodicamente em comemoração à páscoa
(passagem) dos judeus libertos da escravidão do Egito. Este rito judeu era a
imolação do cordeiro, onde este era morto, seu sangue aspergido e sua carne
comida. Com Cristo, este sacrifício assumiu um significado novo: Cristo, o
primogênito de Deus, veio morrer em sacrifício para pagar, de uma vez por
todas, o nosso pecado e nos deu sua carne e seu sangue como verdadeira comida e
verdadeira bebida. Era deste cordeiro que João, o Batista, se referia: o
Cordeiro de Deus! Este canto é o próprio rito de aclamação à Fração do Pão e
deve ser cantado integralmente, devendo ser iniciado justamente no instante em
que o sacerdote toma nas mãos o corpo de Cristo, fraciona-o e põe um fragmento
dentro do cálice. É pois importante que o grupo de canto esteja atento a este
momento.
Por isso, para que um canto seja considerado
canto de Cordeiro de Deus, ele deve obrigatoriamente conter as palavras:
CORDEIRO DE DEUS QUE TIRAIS O PECADO DO MUNDO, TENDE PIEDADE DE NÓS ... DAI-NOS
A PAZ.
COMUNHÃO:
Significado Litúrgico - Enquanto o
sacerdote e os fiéis recebem o Corpo de Cristo, entoa-se o canto de comunhão
que exprime, pela unidade das vozes, a união espiritual dos comungantes,
demonstra a alegria dos corações e torna mais fraternal a procissão dos que vão
receber o Corpo de Cristo. Lembremos das palavras do próprio Cristo: “Eu sou o
pão vivo que desceu do céu. Quem come deste pão viverá para sempre. E o pão que
eu vou dar é a minha própria carne, para que o mundo tenha a vida.... Quem come
a minha carne e bebe o meu sangue tem a vida eterna, e eu o ressuscitarei no
último dia. Porque a minha carne é verdadeira comida e o meu sangue é verdadeira
bebida. Quem come a minha carne e bebe o meu sangue vive em mim e eu vivo nele”
(Jo 6,51-58). Este canto acompanha o rito da comunhão. Portanto, quando a
última pessoa terminar de comungar, este canto deve ser encerrado. Deve
obrigatoriamente falar sobre a comunhão, ou sobre o corpo e sangue de Cristo,
ou sobre o pão da vida, pão do céu, ou qualquer outra palavra que faça alusão à
mistério da eucaristia.
REFLEXÃO:
Significado Litúrgico - Após o
comunhão, deve-se adotar o silêncio sagrado, onde todos meditam, louvam e rezam
a Deus no íntimo do seu coração. Esse momento é dedicado exclusivamente a Deus,
onde a criatura adora ao Criador, o remido louva o Salvador, o imperfeito adora
o Amor em perfeição. A assembléia pode cantar um hino que una todas
as preces de louvor e adoração num só propósito. É considerado por alguns
padres como inapropriado, mas está prescrito no missal romano. Portanto, pode
ser cantado e é facultativo. Deve ser obrigatoriamente um canto onde o
destinatário é o próprio Deus, ou seja, deve ser um canto que ajude no diálogo
com Deus, Cristo Eucaristia. Jamais deve ser cantado, neste momento, um canto a
nossa Senhora, ou cantos de apresentações teatrais, homenagens... (dia dos
pais, dia das mães, aniversários...).
BÊNÇÃO FINAL:
Significado Litúrgico - A bênção final
não é o fim, mas início da grande missão do cristão: ir anunciar o boa nova a
toda gente. A despedida da assembléia ocorre a fim de que todos voltem às suas
atividades louvando e bendizendo o Senhor com suas boas obras. Portanto, é um
momento de alegria, onde desde já se fica na ânsia de voltar à casa do Senhor
para a “pausa restauradora” , que é o sacrifício dominical da santa missa. Deve
expressar a intenção do fim da missa: o início de nossa missão no mundo, pois a
missa não se encerra com a bênção final, ela inicia o nosso dever de cristão: “Ide
pelo mundo e anunciai o evangelho”.É um canto que acompanha o rito da saída do
sacerdote do presbitério. Geralmente, no canto final, podemos cantar um canto
de Nossa Senhora, quando for em tempo oportuno e em festas próprias.