quarta-feira, 23 de dezembro de 2015

CURSO LITURGIA

ENCONTRO 4 – O ANO LITURGICO.
CICLO DO NATAL - O ADVENTO.

1. – O tempo do Advento.
- O Tempo do Advento possui dupla característica: sendo um tempo de preparação para as solenidades do Natal, em que se comemora a primeira vinda do Filho de Deus entre os homens, é também um tempo em que, por meio desta lembrança voltam-se os corações para a expectativa da segunda vinda de Cristo no fim dos tempos. Por este duplo motivo, o Tempo do Advento se apresenta como um tempo de piedosa e alegre expectativa.
- O Tempo do Advento começa com as Primeiras Vésperas do domingo que cai no dia 30 de novembro ou no domingo que lhe fica mais próximo, terminando antes das Primeiras Vésperas do Natal do Senhor.
-          Os domingos deste tempo são chamados 1º, 2º, 3º e 4º domingos do Advento.
-          Os dias de semana entre 17 e 24 de dezembro visam de modo mais direto a preparação do Natal do Senhor.
1.a – O Tempo do Advento – Historia.
- As noticias sobre a verdadeira origem do Tempo do Advento são poucas.
O Advento é próprio do Ocidente. Desde o século IV na Gália e na Espanha já se encontrava um período preparatório para o Natal com duração de seis semanas e com forte caráter ascético provavelmente pelo fato de ser um tempo  de preparação dos catecúmenos para o batismo. No Oriente permanece quase ignorado um período de preparação do Natal.
- Muito se discutiu sobre o significado originário do Advento, alguns optando pela tese do Advento-Natal, outros pelo Advento-Parusia. Durante os trabalhos da reforma litúrgica ficou determinado conservar quatro domingos e unir os dois aspectos, o escatológico e o natalino, pois a Igreja não pode celebrar a liturgia ignorando a sua essencial dimensão escatológica.

1.b – O Tempo do Advento – Liturgia da Palavra.
- Cada uma das missas dominicais propõe: um anúncio profético tomado normalmente do livro de Isaias; um ensinamento apostólico de tipo moral tirado das cartas de São Paulo; e enfim um discurso ou uma narração do evangelho.
- O conteúdo das leituras, especialmente do evangelho, focaliza para os domingos um tema especifico, em cada um dos três ciclos litúrgicos: a vigilância na espera de Cristo (1º domingo); um urgente convite à conversão, contido na pregação de João Batista (2º domingo); o testemunho dado a Jesus pelo seu precursor (3º domingo); o anuncio do nascimento de Jesus a Jose e Maria (4º domingo) .
- Seria muito interessante uma observação global das leituras bíblicas, tanto dos domingos quanto das leituras feriais, pois além dos aspectos citados no parágrafo anterior, há de se perceber o duplo caráter do Avento, que celebra a espera do Salvador na glória e a sua vinda na carne; orientando para a parusia final; chamando a nossa atenção para a vida cotidiana do Senhor; apresentando os sinais e as características do reino messiânico e as condições para nele entrar e preparando-os para a natividade de Cristo, ao mesmo tempo fazendo dela a teologia e a historia.

1.c – O tempo do Advento – Personagens -.
- Algumas figuras bíblicas são personagens centrais durante o tempo do Advento:
   - Isaias – No livro deste profeta encontra-se, mais do que nos outros, grande sinal de esperança que serviu de conforto para o povo, sobretudo no exílio. A segunda parte do livro, chamado “Livro da consolação”, contém um alegre anuncio da libertação e as partes mais significativas deste livro são proclamadas durante o Advento.
   - João Batista – É o ultimo dos profetas e resume na sua pessoa e palavra toda a historia precedente. João é sinal da intervenção de Deus em favor do seu povo e tem a missão de preparar os caminhos do Senhor oferecendo a Israel o conhecimento da salvação. Acém de tudo é aquele que indica Cristo já presente no meio do seu povo. 
    - Nossa Senhora – No Advento destaca-se a relação a cooperação de Maria no Mistério da Redenção. O Filho de Deus não desce do céu com um corpo adulto, plasmado diretamente pela mão de Deus, mas entra no mundo como “nascido de mulher”.
    - São José – Dos textos bíblicos do Advento natalino emerge a figura de Jose no momento mais significativo de sua missão de pai legal de Jesus. Surge de forma humilde, mas, ele é “homem justo”. (cf Mt 1,19). Sua fé é modelo de fé para qualquer homem que queira entrar em diálogo e em comunhão com Deus.

1.d – O tempo do Advento – Teologia e Espiritualidade do Advento.

- O tempo do advento contém um rico conteúdo teológico: considera todo o mistério da vinda do Senhor na historia até a sua conclusão fundindo os mistérios em admirável unidade. 
- O Advento recorda a dimensão histórica da salvação. O Deus da Bíblia é o Deus da criação, o Deus da historia, o Deus da promessa e da aliança. Deus age nos acontecimentos de sentido salvífico e se deixa encontrar como salvador. No agir de Deus o tempo torna-se ação da Sua Graça. (como Sacramento). Com Jesus o tempo chega à sua plenitude (cf Gl 4,4) e o Reino torna-se próximo. (Cf Mc 1,15)
- O tempo do Advento também evidencia a dimensão escatológica do mistério cristão. A perspectiva individual e estática das últimas coisas (morte, juízo, inferno, paraíso) passa para uma visão escatológica e dinâmica que vê a historia como lugar do agir das promessas de Deus e direciona para o seu cumprimento no “Dia do Senhor” considerando a salvação como uma consumação dos séculos.
- O Advento traz também uma conotação missionária. O tempo da Igreja é um momento da atuação com o anuncio do Reino até que se manifeste a glória de Cristo. A missão da Igreja está fundada no mistério da participação e continuação da missão do Filho, que foi enviado pelo Pai, e na missão do Espírito, enviado pelo Pai e através do Filho. A Igreja, “sacramento universal de salvação” (LG 28), não vive para si, mas para o mundo.
- Os textos do profeta Isaias apresentam-nos o “Deus da libertação”. O Deus do Advento é aquele que aterra os vales, aplaina as montanhas, faz com o que o deserto refloresça, coloca juntos o leão e o cordeiro, transforma as armas em foices.
- Toda a liturgia do Advento é apelo para ser viver alguns comportamentos essenciais do cristão: a expectativa vigilante e alegre, a esperança, a conversão, a pobreza. A esperança da Igreja é a mesma esperança de Israel, mas já realizada em Cristo. O advento é tempo de expectativa alegre porque aquilo que se espera certamente acontecerá. Deus é fiel. 





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