CURSO
LITURGIA
ENCONTRO 5 – O ANO LITURGICO.
CICLO
DO NATAL - NATAL
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Depois da celebração anual do Mistério Pascal a Igreja não considera mais
venerável do que comemorar o Natal do Senhor e suas primeiras manifestações, o
que se realiza no Tempo do Natal.
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O Tempo do Natal vai das Primeiras Vésperas do Natal do Senhor ao domingo
depois da Epifania ou ao domingos depois do dia 6 de janeiro inclusive.
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A missa da Vigília do Natal é celebrada à tarde do dia 24 de dezembro, antes ou
depois das Primeiras Vésperas. No dia do Natal do Senhor, segundo antiga
tradição romana, pode-se celebrar a missas três vezes, a saber, à noite, na
aurora e durante o dia.
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Como celebração de solenidade (cf. encontro 2 – item 2.c observações) a
comemoração do Natal tem missa própria para a Vigília e se prolonga por oito
dias seguidos (oitavas). A oitava do Natal é organizada da seguinte forma:
a) No domingo dentro da oitava, ou, em falta dele, no dia
30 de dezembro, celebra-se a festa da Sagrada Família.
b) No dia 26 de dezembro, celebra-se a festa de Santo
Estevão, protomártir.
c) No dia 27 de dezembro, celebra-se a festa de São João,
apostolo e evangelista.
d) No dia 28 de dezembro, celebra-se a festa dos Santos
Inocentes.
e) Os dias 29,30 e 31 são dias dentro da oitava;
f) No dia 1º de janeiro, oitavo dia do Natal, celebra-se
a solenidade de Santa Maria, Mãe de Deus, na qual se comemora também a
imposição do Santíssimo Nome de Jesus.
g) O domingo que ocorre entre os dias 2 e 6 de janeiro é
o 2º domingo depois do Natal.
h) A Epifania do Senhor é celebrada no dia 6 de janeiro,
a não ser que seja transferida para o domingos entre os dias 2 e 8 de janeiro,
nos lugares onde não for considerada dia santo de guarda.
i)
No domingo depois
do dia 6 de janeiro, celebra-se a festa do Batismo do Senhor.
1.
FESTA DO NATAL – HISTORIA.
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No inicio, as festas do Natal e da Epífania eram uma celebração com um único e
idêntico objeto: a encarnação do Verbo, embora com diferentes matizes no
Ocidente e no Oriente.No Oriente o mistério da encarnação era celebrado no dia
6 de janeiro, com o nome de Epifania; no Ocidente, isto é, em Roma o mistério
era celebrado no dia 25 de dezembro, com o nome de Natalis Domini. A
distinção entre as duas festas, com conteúdo diferente aconteceu entre o fim do
século IV e o inicio do século V.
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A primeira noticia que temos da festa de Natal em Roma nos leva ao ano 336. Aí
é fixada a festa do nascimento de Cristo em Belém da Judéia no dia 25 de
dezembro. Na metade do século IV, conforme Santo Agostinho, na mesma data
celebrava-se o Natal na África e segundo outras testemunhas, também no norte da
Itália e na Espanha.
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Em 380 São Gregório Nazianzeno introduziu o Natal em Constantinopla. Por um
sermão de São João Crisóstomo, presbítero em Antioquia, sabe-se que nessa
cidade celebrava-se o Natal no dia 25 de dezembro em 386.
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A explicação mais provável para a escolha do dia 25 de dezembro é a de que a
Igreja de Roma procurou suplantar a festa pagã do “Natalis solis invicti”,
dedicada ao sol. O culto ao sol tornou-se símbolo da luta pagã contra o
cristianismo. A principal festa desse culto era celebrada no solstício de
inverno no dia 25 de dezembro, porque representava a vitória anual do sol sobre
as trevas. Para afastar os fiéis dessa celebração, a Igreja de Roma deu um
significado novo apresentando aos cristãos o nascimento do verdadeiro sol,
Cristo, que apareceu no mundo depois da longa noite do pecado. Saliente-se que
a escolha seguiu uma temática bíblica (cf Mt 4,2; Lc 1,78; Ef 5,8-124).
2.
FESTA DO NATAL – Liturgia da Palavra.
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Enquanto o Advento na economia do ano litúrgico constitui o tempo da
expectativa, da promessa e da esperança, o tempo do Natal, ao contrario,
constitui o tempo da atuação, inicial, mas decisiva, das promessas feitas.
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Com a celebração da Missa vespertina (somente a vespertina) na vigília,
fecha-se o Advento e entra-se na celebração do mistério do Natal.
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É muito rica em seu conteúdo toda a Liturgia da Palavra, tanto da Missa
Verspertina da vigília do Natal quanto as leituras próprias das Missas do
Natal. Os trechos de Isaias que falam da reconstrução e do tempo messiânico; do Atos dos Apóstolos (na missa
vespertina da vigília) fala do inicio da atividade apostólica de Paulo; O
ensinamento do apostolo Paulo que coloca a base teológica no comportamento
moral do cristão com o evento da encarnação; o texto da carta aos Hebreus, que
dá um quadro sintético da historia da salvação; Os textos do Evangelho que
anunciam a salvação.
3.
FESTA DO NATAL - TEOLOGIA DA CELEBRAÇAO.
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A realidade celebrada na solenidade do Natal, a “vinda” do filho de Deus na
carne, embora deva ser considerada na totalidade do mistério de Cristo,
presente sacramentalmente na Igreja, concretiza-se expressamente no nascimento
de Jesus através de Maria.
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A celebração comemorativa do nascimento do Senhor, da memória do
acontecimento não para no fato histórico
mas dele vai ao seu verdadeiro fundamento, o mistério da encarnação. O mistério
da salvação, mediante o qual é dada ao homem a graça da reconciliação, continua
operante na Igreja mediante a celebração litúrgica.
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Para compreender melhor as solenidades do Natal é preciso ter presente o
sentido original da celebração chamada “manifestação do Senhor na carne”. O
Natal torna-se ocasião propicia e única para afirmar e defender a fé da Igreja
no mistério da encarnação, contra toda interpretação errônea, gnóstica, ariana,
docetista, maniquéia, monofisista. Em confronto com toda cultura helenística
gnóstica, que não admitia Deus na historia numa carne realmente humana, João
afirma que “o Verbo se fez carne”, isto é, assumiu esta nossa concreta natureza
humana, débil e fraca.
4.
A ESPIRITUALIDADE DO NATAL.
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A graça própria da celebração do Natal é a da nossa adoção divina. A novidade
trazida pelo mistério opõe-se a antiga escravidão. A encarnação do Verbo traz a
libertação para uma humanidade escrava do pecado e em poder da morte.
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O mistério do Natal não nos oferece somente um modelo para imitar a humildade e
pobreza do Senhor que está deitado na manjedoura, mas nos da a graça de sermos
semelhantes a ele. A manifestação do Senhor conduz o homem à participação da
vida divina. Assim, a verdadeira espiritualidade do Natal não consiste na
imitação de Cristo “do lado de fora”,
mas “viver Cristo que está em nós” e manifestá-lo com a vida no seu mistério de
virgindade, obediência, pobreza e humildade.
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