quarta-feira, 23 de dezembro de 2015

CURSO LITURGIA

ENCONTRO  5 – O ANO LITURGICO.
CICLO DO NATAL - NATAL

- Depois da celebração anual do Mistério Pascal a Igreja não considera mais venerável do que comemorar o Natal do Senhor e suas primeiras manifestações, o que se realiza no Tempo do Natal.
- O Tempo do Natal vai das Primeiras Vésperas do Natal do Senhor ao domingo depois da Epifania ou ao domingos depois do dia 6 de janeiro inclusive.
- A missa da Vigília do Natal é celebrada à tarde do dia 24 de dezembro, antes ou depois das Primeiras Vésperas. No dia do Natal do Senhor, segundo antiga tradição romana, pode-se celebrar a missas três vezes, a saber, à noite, na aurora e durante o dia.
- Como celebração de solenidade (cf. encontro 2 – item 2.c observações) a comemoração do Natal tem missa própria para a Vigília e se prolonga por oito dias seguidos (oitavas). A oitava do Natal é organizada da seguinte forma:
a)      No domingo dentro da oitava, ou, em falta dele, no dia 30 de dezembro, celebra-se a festa da Sagrada Família.
b)      No dia 26 de dezembro, celebra-se a festa de Santo Estevão, protomártir.
c)      No dia 27 de dezembro, celebra-se a festa de São João, apostolo e evangelista.
d)      No dia 28 de dezembro, celebra-se a festa dos Santos Inocentes.
e)      Os dias 29,30 e 31 são dias dentro da oitava;
f)       No dia 1º de janeiro, oitavo dia do Natal, celebra-se a solenidade de Santa Maria, Mãe de Deus, na qual se comemora também a imposição do Santíssimo Nome de Jesus.
g)      O domingo que ocorre entre os dias 2 e 6 de janeiro é o 2º domingo depois do Natal.
h)      A Epifania do Senhor é celebrada no dia 6 de janeiro, a não ser que seja transferida para o domingos entre os dias 2 e 8 de janeiro, nos lugares onde não for considerada dia santo de guarda.
i)        No domingo depois do dia 6 de janeiro, celebra-se a festa do Batismo do Senhor.

1. FESTA DO NATAL – HISTORIA.
- No inicio, as festas do Natal e da Epífania eram uma celebração com um único e idêntico objeto: a encarnação do Verbo, embora com diferentes matizes no Ocidente e no Oriente.No Oriente o mistério da encarnação era celebrado no dia 6 de janeiro, com o nome de Epifania; no Ocidente, isto é, em Roma o mistério era celebrado no dia 25 de dezembro, com o nome de Natalis Domini. A distinção entre as duas festas, com conteúdo diferente aconteceu entre o fim do século IV e o inicio do século V.
- A primeira noticia que temos da festa de Natal em Roma nos leva ao ano 336. Aí é fixada a festa do nascimento de Cristo em Belém da Judéia no dia 25 de dezembro. Na metade do século IV, conforme Santo Agostinho, na mesma data celebrava-se o Natal na África e segundo outras testemunhas, também no norte da Itália e na Espanha.
- Em 380 São Gregório Nazianzeno introduziu o Natal em Constantinopla. Por um sermão de São João Crisóstomo, presbítero em Antioquia, sabe-se que nessa cidade celebrava-se o Natal no dia 25 de dezembro em 386.
- A explicação mais provável para a escolha do dia 25 de dezembro é a de que a Igreja de Roma procurou suplantar a festa pagã do “Natalis solis invicti”, dedicada ao sol. O culto ao sol tornou-se símbolo da luta pagã contra o cristianismo. A principal festa desse culto era celebrada no solstício de inverno no dia 25 de dezembro, porque representava a vitória anual do sol sobre as trevas. Para afastar os fiéis dessa celebração, a Igreja de Roma deu um significado novo apresentando aos cristãos o nascimento do verdadeiro sol, Cristo, que apareceu no mundo depois da longa noite do pecado. Saliente-se que a escolha seguiu uma temática bíblica (cf Mt 4,2; Lc 1,78; Ef 5,8-124).

2. FESTA DO NATAL – Liturgia da Palavra.
- Enquanto o Advento na economia do ano litúrgico constitui o tempo da expectativa, da promessa e da esperança, o tempo do Natal, ao contrario, constitui o tempo da atuação, inicial, mas decisiva, das promessas feitas.
- Com a celebração da Missa vespertina (somente a vespertina) na vigília, fecha-se o Advento e entra-se na celebração do mistério do Natal.
- É muito rica em seu conteúdo toda a Liturgia da Palavra, tanto da Missa Verspertina da vigília do Natal quanto as leituras próprias das Missas do Natal. Os trechos de Isaias que falam da reconstrução e do tempo  messiânico; do Atos dos Apóstolos (na missa vespertina da vigília) fala do inicio da atividade apostólica de Paulo; O ensinamento do apostolo Paulo que coloca a base teológica no comportamento moral do cristão com o evento da encarnação; o texto da carta aos Hebreus, que dá um quadro sintético da historia da salvação; Os textos do Evangelho que anunciam a salvação.

3. FESTA DO NATAL - TEOLOGIA DA CELEBRAÇAO.
- A realidade celebrada na solenidade do Natal, a “vinda” do filho de Deus na carne, embora deva ser considerada na totalidade do mistério de Cristo, presente sacramentalmente na Igreja, concretiza-se expressamente no nascimento de Jesus através de Maria.
- A celebração comemorativa do nascimento do Senhor, da memória do acontecimento  não para no fato histórico mas dele vai ao seu verdadeiro fundamento, o mistério da encarnação. O mistério da salvação, mediante o qual é dada ao homem a graça da reconciliação, continua operante na Igreja mediante a celebração litúrgica.
- Para compreender melhor as solenidades do Natal é preciso ter presente o sentido original da celebração chamada “manifestação do Senhor na carne”. O Natal torna-se ocasião propicia e única para afirmar e defender a fé da Igreja no mistério da encarnação, contra toda interpretação errônea, gnóstica, ariana, docetista, maniquéia, monofisista. Em confronto com toda cultura helenística gnóstica, que não admitia Deus na historia numa carne realmente humana, João afirma que “o Verbo se fez carne”, isto é, assumiu esta nossa concreta natureza humana, débil e fraca.

4. A ESPIRITUALIDADE DO NATAL.
- A graça própria da celebração do Natal é a da nossa adoção divina. A novidade trazida pelo mistério opõe-se a antiga escravidão. A encarnação do Verbo traz a libertação para uma humanidade escrava do pecado e em poder da morte. 
- O mistério do Natal não nos oferece somente um modelo para imitar a humildade e pobreza do Senhor que está deitado na manjedoura, mas nos da a graça de sermos semelhantes a ele. A manifestação do Senhor conduz o homem à participação da vida divina. Assim, a verdadeira espiritualidade do Natal não consiste na imitação de  Cristo “do lado de fora”, mas “viver Cristo que está em nós” e manifestá-lo com a vida no seu mistério de virgindade, obediência, pobreza e humildade.










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